sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Carian Cole - Como se não houvesse amanhã


Na tenra idade de 21 anos, Soninha Francine vive uma vida pacata e singela. Ela é recepcionista numa agência de Marketing e vive no porão da casa dos pais. O ponto alto do seu dia é quando almoça no parqe, pois entre garfadas, se deleita com os valorosos Hominhos di Papel. Em meio a seus devaneios, um dia Soninha percebe um músico de rua a encarando. Mendigato puxa conversa e, apesar de suas condições sócio econômicas, ela se encanta com esse pedaço (maltrapilho) de mal caminho. Ele é lindo, tatuado, talentoso e charmoso, além de dedilhar com maestria o seu violão como um astro de rock. Ela fica  besta com sua beleza máscula e talento ímpar. Pra ajudar ele tem um |Au-Au simpático e amoroso, que ainda é coadjuvante nas apresentações mambembe.. 

Confesso que desde o início fiquei com uma pulga atrás da orelha, pois ele tem um comportamento atípico, meio circunspecto meio esquisito. É falante de uma maneira calada. Vibrante com momentos ausentes. Amoroso porém indiferente. Atencioso de uma maneira egoísta Suspeito que há algo de podre no reino da Dinamarca, pois como diz o ditado: Fruta boa em beira de estrada: ou tá podre ou tem marimbondo vigiando o pé! Ela percebe que, apesar dele ser um morador de rua, ele é bem limpinho e cheirosinho, exalando um raro aroma de sândalo das montanhas do Tibet, Adriana repita comigo Boattini: 
- Paaaaaaaaaaapeeeeeeeeeeel!

A partir daí eles passam a se encontrar diariamente, mas um dia ele não comparece. Preocupada, após sair do trabalho, Soninha atravessa SOZINHA todo o parque no escuro até o cafofô do Mendigato. Ela o encontra doente, cabisbaixo quase moribundo, mas ao vê-la Mendigato se emociona e lhe dá um beijo de língua de desentupir o útero. Eu vós pergunto... Qual? Qual? Qual foi o primeiro pensamento lazarento da Adriana?!? 

A) Finalmente. Insh'Allah!
B) Aí Que delícia!
C) Quando foi que esse Men escovou os dentes Boattini?!? Com febre, doente e sem comer ele deve estar com um bafo de leão do Caraaaglio! Confesso que meu estômago embrulhou! 

Praticamente embaixo da marquise do Ibirapuera, ele taçá-lhe o pau e a faz dragar e chupar como pirulito o seu pistão. Respira Adriana. Respira fundo Boattini! Não conseguia parar de pensar... Meu quando foi que ele lavou e limpou esse salaminho?!? Nessa hora tive que parar de ler pois o estômago da Adriana se revoltou e embrulhou e a bile subiu quase sufocando a Boattini, quase golfei diante desse pensamento! 

A partir daí parece um filme de terror. Ele parece um búfalo em uma loja de cristal. Puuutaaa Quuueuuu Paaariuuu ela merecia coisa melhor. Você deve estar pensando: ela nunca mais vai voltar.! Ledo engano, a partir daí ela passa a marcar ponto. Parece uma boneca de pano, ele faz com ela o que quer, do jeito que ele quer. De pé na praça. Embaixo da ponte. No saco de dormir imundo Não desfrutei de um único soca martela marreta, mesmo quando entre quatro paredes, na maior parte do tempo li com um saco de pão ao lado com medo de vomitar os bofes!

Quando olho o número de páginas que ainda faltam pra terminar essa bagaça quase tenho um treco e chuto o balde, porque são quase mil páginas e ainda não li 20% desse baguio. Confesso que estou com medo de passar mal com essa tragédia sugismunda! 

Continuei lendo na força do ódio, pois enquanto ela é à pessoa mais singela e dedicada, ele não está nem aí com a hora do Brasil. Ela abre mão de tudo pra ficar com ele, inclusive é vítima da maledicência alheia e, apesar de todos os esforços de Soninha pra fazer um aconchegante cafofô, um belo de um dia ele simplesmente diz...
- Vou ali na esquina comprar cigarro! 

Ela fica a ver navios com o imbróglio do desgosto e a bomba da corda e da caçamba. Agora me diga como? Como? Como ela vai encontrá-lo uma vez que não sabe o nome completo desse Lazarento, endereço ou coordenadas GPS desse filadaputa, já que ele nem tem celular Caraaaglio? Esse é o primeiro livrinho em que torço e rogo aos Deuses di Papel para ela encontrar a felicidade nos braços de outro Hominho di Papel, pois pra mim esse Mendigato já deu!

O tempo passa, os anos voam e um belo de um dia ela descobre o seu paradeiro. No primeiro olho no olho, após o longo abandono e amargos imbróglios que ele deixou no seu colo. Qual foi a reação de Soninha?!? 

A) Seu filadaputa do Caraaaglio onde tu tava?!? 
B) Seu lazarento tu foi na China comprar o cigarro phorra?!?
C) Zuzubem não precisa explicar nada não, vem cá e me dá um cheiro! 

O cuore da Adriana vazou de um sentimento ácido de um ódio sem fim. O coraçãozinho da Boattini começou a arquitetar um duplo homicídio doloso com requintes de crueldade pra esses dois, só que agora ela será a primeira a ter a minha faquinha di rocambole cravada no meio do zoio! Meu... Agora eu quero que os dois fiquem sozinhos sem ninguém, na rua da amargura, chutando pedregulhos ao infinito e além! 

Como sou brasileira e não desisto nunca, a Adriana se arrastou "como se não houvesse amanhã" ao longo das 908 páginas cercada de muito sangue, suor, lágrimas, desgosto e ódio no mio cuore. Acho que a Boattini vai precisar de terapia! Vou correndo ler outro livrinho pra tirar o gosto amargo de fel desse lazarento, pois não quero que ele seja a minha última degustação literária de 2021. Já basta os percalços da vida!

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