segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Transcendence - Shay Savage

Once upon a time... Há longínquos milênios vive ops sobrevive o nosso Hominho di Papel. Ele é um homem das cavernas que habita uma terra inóspita, selvagem e muito perigosa. Sua vida é árida e solitária, uma vez que sua aldeia foi dizimada e agora é somente ele, Deus e os animais pré-históricos.

Com seus parcos conhecimentos e quase nenhum recurso ele tenta sobreviver, mas confesso que está difícil. A falta de ferramentas, o fato de não tem companhia, o clima severo e as exíguas  condições do local, o deixam deprimido e ele perde a vontade de viver, afinal... Pra que sobreviver sem ter com quem compartilhar as mazelas e que lhe dê forças para suportar essa vida tão sofrida e solitária?

Já sem forças por estar tantos dias sem comer, com o estômago nas costas e com o intestino devorando seu fígado. Ele faz uma última tentativa e verifica se tem alguma  caça presa em sua armadilha e, pra sua surpresa, capturou uma fêmea... Humana!


Ela é estranha e muito diferente de tudo e qualquer coisa que ele já tenha visto. Suas roupas são uma incógnita com formas e matériais que ele nunca viu, mas o que realmente o incomoda é que ela é mais barulhenta que um papagaio, o que o deixa com dor de cabeça, mas apesar dos pesares ele sente um sopro de esperança rondar o sio cuore ao perceber que agora tem companhia. Com certeza ela deve ser o seu tão sonhado Casal Sagrado do Caraaaglio. Graças a Deus! Agora ele não vai mais ficar sozinho!

Apesar de inteligente, ele é tão primitivo que ainda não desenvolveu as habilidades da fala. A duras penas consegue compreender algumas poucas palavrinhas. Através de grunhidos, rosnados e mímicas ele tenta fazê-la entender que vai escurecer e é muito perigoso permanecer nesse local, ainda mais ela fazendo tanto barulho, o que vai acabar atraindo sabe-se Deus quantos animais famintos.

Apontando para si, ela se apresenta...
— Papagaia!P a...Pa...Gaia! 

Depois de muito penar, ele finalmente compreende que esse é o seu nome e tenta repetir... 
—Pa...Pa...Ga...Ga...Gaia! Gaia? GAIA!

Apontando para si balbucia...
— Tcha... Tcha... Tchaca! TCHACA!

Ela foi parar numa época em que a roda ainda nem tinha sido descoberta, ele não conhece nem o mais rudimentar dos apetrechos, quiçá as ferramentas básicas de sobrevivência. Ela literalmente se vira nos 30 demonstrando uma inteligência de Einstein, espírito de McGiver e ideias de Beakman ao resolver os problemas básicos do dia-a-dia. Gaia consegue driblar as dificuldades e, a duras penas, percebe que foi parar nos confins do Elo Perdido!

Devido a inaptidão de Tchaca de se comunicar, um diálogo monossílabo vai ser recorrente durante toda a estorinha. Ela faz altos monólogos que ele não entende patavina, a única coisa que ele consegue é a tal da dor de cabeça, mas ponderando os prós e os contras, chega à conclusão que esse é um preço muito pequeno a pagar para ter a sua companhia.

By the way... Nem eu nem você iremos saber exatamente o que Gaia fala, pensa ou sente. Apenas iremos deduzir e fazer conjecturas, uma vez que o livrinho é todo narrado sob a perspectiva de Tchaca. Você irá ouvir sua emoção mais profunda, o grito de desespero dos seus pensamentos, sentirá o medo quer ele sente só de imaginar que pode perder a sua companheira. Se comoverá com sua angustia pra provar que ele é capaz de ser um bom provedor e que, não só pode cuidar dela como também de todos os seus futuros filhos.

Seu desejo recorrente é de lhe "fazer" um filho, pois a seu ver essa é a única maneira deles terem um futuro nesse lugar pré-histórico e tão phodido e com condições tão sub-humana. Tchaca mal sabe fazer o "O" do fundo do copo do dois-pra-cá dois-pra-lá da dança do criolo doido, mas com uma professora tão dedicada e um aluno tão aplicado, eles fazem a lição de casa do soca martela marreta com criatividade e maestria. 

Muitas vezes fiquei com "toque" com a falta de higiene e com uma vontade insana de lhe enviar um Sedex 10 com um kit de higiene contendo álcool gel, água sanitária, lencinhos umedecidos, shampoo, sabonete, escova de dentes... 

Tentei me colocar no lugar de Gaia, mas não sou uma pessoa tão forte e obstinada pra sobreviver nesse ambiente com tantas mazelas. Acredito que definharia e morreria de fome, pois não tenho estômago ou paladar pra essa comida ”dinossaurica”. Acho que também vou incluir na encomenda alho, azeite, pimenta, condimentos quiçá um ketchup pra tornar mais tragável a gororoba que eles comiam. Ops... Acho que vou ter que fretar um avião pra entregar toda essa mercadoria!

O livro tem tudo pra dar errado. Uma combinação esdrúxula cujo casal tem uma diferença de milhares de séculos, não há conexão mental nem mesmo se falam e os hábitos sáo diametralmente opostos. Há um buraco negro cultural os separando. Vivem sem quaisquer condições sanitárias. E eles só se comunicam através de caras e bocas além de grunhidos, mímica e gemidos. Além do que... Tchaca é Neanderthal e Gaia Homo Sapiens! 

Não há um único diálogo nessa estorinha, mas isso não te impede de tentar arduamente adivinhar os anseios, desejos, medos e aflições de Gaia. Um caldeirão improvável que poderia dar errado, mas milagrosamente essa mistura pouco ortodoxa se transforma no mais lindo livrinho e na mais tenra estória de amor!

Você ri, chora, lamenta e se condói com todas as mazelas e sofrimentos que eles passam e torce, fervorosamente, por um final feliz. Fica angustiado e com o coração partido quando ela tem que escolher entre o Amor, apesar das dificuldades inenarráveis do presente, ou a tecnologia e a comodidade do futuro!


Durante todo o livrinho fiquei encantada com a trama e com o carisma dos personagens. Isso justifica o medo que rondou o mio cuore de que ela perdesse a mão fazendo com que o final fosse tosco, o que acabaria de vez com a minha alegria.

Faltando poucas páginas para terminar, fico ansiosa ao ver que ainda não tinha as respostas à todas as minhas dúvidas, mas nos 48' do segundo tempo elas são respondidas a galope, mas magistralmente e com tanta maestria. 

A autora não só amarrou todos as pontas soltas como ainda conseguiu fazer um gol de placa ao dar um final glorioso e surpreendente pra essa estorinha! Eu nunca teria pensado num final tão emocionante e inusitado quanto esse. Só sinto por ela não ter se estendido um pouco mais para que pudéssemos saborear com mais calma e por mais tempo essa adorável e memorável estorinha.

Terminei o livro aos prantos. O sentindo de desolação, abandono e ternura foi tanto que, não querendo ainda me despedir de Gaia e Tchaca, voltei para reler e saborear vagarosamente o último capítulo. Confesso que ainda tenho lágrimas nos olhos e um profundo sentimento de perda e desolação. Parece que perdi alguém muito querido.

Comecei a ler com o pé atrás, esperando um homem das cavernas ogro, bruto, animal, selvagem e sem carisma, cuja única coisa que poderia me proporcionar, além do cascão e do mau cheiro, seria piolho, lendia, chato, bicho de pé e carrapato, mas tive a mais doce surpresa ao cair de amores e me apaixonar perdidamente por Tchaca, cujo único desejo é fazer tudo o que estiver ao seu alcance para fazer sua companheira feliz, inclusive colocar as prioridades dela acima de suas próprias necessidades. Esse homem das cavernas é um gentleman de tal magnitude, que ele consegue, de uma maneira brilhante, solucionar o nosso pior pesadelo feminino!

Chego à conclusão que a autora foi muito feliz ao contar a trama através dos olhos de Tchaca, sem nos deixar ver os sentimentos de Gaia, o que teria nos distraído. Sob essa perspectiva, fica claro o Amor incondicional e o carinho incomensurável desse adorável Neanderthal.

Como todos sabem o livro preferido da Adriana, o número um, o "The best of the best" e que fez transbordar o mio cuore é "Lição de Ternura" da Sandra idolatrada Salve Salve Canfield. A Boattini vai ter que pedir licença, pois não vai ter jeito, preciso dividir o pódio, talvez até mesmo destituí-la dessa colocação ao dar o primeiro lugar ao imemorável "Transcendence" da Shay um adorável Savage no mio cuore!

By the way estou em dúvida se consegui deixar bem claro que a Adriana ADOROU esse livrinho! Definitivamente ele se tornou o Hominho di Papel preferido da chorosa e inconsolável Boattini!

Todos estão na torcida pra o lançamento da mesma estória, porém sob a perspectiva de Gaia, com todos os seus medos e angústias, mostrando seus sentimentos e ponto de vista, além de solucionar e resolver algumas dúvidas que ficaram durante a trama, uma vez que ele não entendia por não ter conhecimento tecnológico ou experiência de vida.

A Adriana se despede saudosa desse adorável livrinho e a Boattini está com  o coração partido e em frangalhos, já com saudades desse sensível, honorável, idolatrado, salve salve Hominho di Papel. Esse livrinho é simplesmente um espetáculo! Uma maravilha!

Literalmente esse é o tipo de amor que é pra sempre e mais um dia, até que a morte os separe (e junte) forever and ever. Esse love story mostrou que apesar das inúmeras diferenças de idade, de tempo, de era e de vida... Gaia e Tchaca são verdadeiras almas gêmeas ao infinito... e além!

Adriana Snif... Snif... Snif Boattiini

26 comentários:

  1. Oi Adriana, como senti saudades de seus escritos... está ótimo e... by the way, também amei o livro! Concordo que ter a perspectiva dele é o que tornou mais especial o livro! Estou repensando em ler, depois de sua resenha, mas a fila já está chegando em Marte! Continue nos deliciando com seus comentários! baci

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    1. Oi amiga... Essa autora teve uma tacada de mestre ao mostrar somente o ponto de vista de Tchaca. Esse é único e singular. Nunca tinha lido nada parecido!

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  2. Olá Adriana, adorei o livro, não tanto quanto você mais gostei muito, achei ótimo a autora narrar na perspectiva do Thaca e como muitos fãs espero também o livro pela visão da mocinha!

    Parabéns pela resenha!

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    1. Jaci... Vamos fazer um mizifi da hora, numa encruzilhada bem porreta para que ela escreva a versáo de Gaia o mais rápido possível!

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  3. Adri...toda vez que vejo alguém falar desse livro, não consigo me conter de alegria por mais uma pessoa ter conhecido essa estória incrível. Já perdi as contas de qtas vezes o reli. Kkkkkkk Entendo totalmente seus sentimentos. Pq é mto maravilhoso.

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  4. Mermãzinha, adorei que você voltou com suas resenhas. Senti muita saudade. Eu li esse livro logo que foi lançado e já não me lembro dos detalhes, mas sei que ADOREI. Espero que você se empolgue com outros livrinhos e escreva outras resenhas para nós. Bjs.

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    1. Ohhh mermazinha... É sempre bom ter os seus conselhos e indicacáo de livrinhos. Fico muito feliz ao ver que vocë gostou e lisonjeada por sua apreciacáo!

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  5. Adriboa como senti falta de suas resenhas! Bem-vinda de volta kkkkkkk
    Eu tive os mesmos sentimentos sobre esse livro, além de chorar horrores. Aguardando como todos o livro no ponto de vista da Gaia.
    Parabéns pela resenha e principalmente pelo retorno estrondoso!
    Bjks

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    1. Fefe... Muito obrigada pelo carinho. Vamos combinar? Que livrinho maravilhoso é esse? Me sinto seca e esturricada de tanto chorar. Em meio a tanta trama repetida, ele foi uma grata surpresa!

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  6. Boa, vc simplesmente aguçou meu paladar com sua resenha. Estava eu quietinha aqui no meu canto lendo meus seals da Susan Stoker qd li sua resenha. Parabéns. Está linda, como sempre, divertida, e profunda, tocante. Me fez enxergar seu Tchaca de um jeito todo especial. Ainda não li este livro, tá na lista interminável dos livros a ler, mas chego lá...RS
    Saudades de ler suas resenhas... Continue a nos brindar com sua pérolas.
    Bjss

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    1. Tininha... Não gosto de recomendar a ninguém que fure fila, acho isso anti ético, mas nesse caso não só vale a pena como ainda vai encher de Ternura o sio cuore. Leia mermãzinha, vale a pena, muito a pena!

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  7. Que bom que voltou com resenhas pra lá diboa Adriana,bjs.

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  8. Puxa vida, Adriana! Quanto tempo! Eu senti saudades de suas resenhas divertidas e especiais... Mas, acho que esse livro é tão diferente que até mudou a sua narrativa. E... Eu adorei!
    Obrigada pelo seu retorno e por dividir conosco suas emoções literárias.
    Feliz ano novo, querida!
    Beijossssssssss

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    1. Oi amiga, um elogio vindo de você é sempre especial. Esse livro foi atípico, uma vez que não me permitiu fazer diálogos, mas isso não diminui em nada o seu valor. Fico feliz por você ter gostado, é um privilégio receber o seu elogio.

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  9. Adriana, senti falta das suas resenhas! Que bom que vc voltou. Vou colocar o livro na minha lista!

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    1. Cristiane... Obrigada!
      Mermã o livro é tão bom, mas tão bom que estou pensando seriamente em reler pra ver se, com outros olhos, percebo outros nuances!

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  10. Boa, vc como sempre foi mestra em resumir meus sentimentos por esse livro. É um amor puro como o do nosso querido livro Tim, mas mostrando a visão masculina da trama, algo difícil de acontecer com excelência. Parabéns Boa pela brilhante sinopse. Saudades dos seus resumos. Bjo no seu cuore

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    1. Roberta minha querida Lelis...
      O livrinho do Tim é lindo, o do Tchaka é maravilhoso! Esse é aquele tipo de livrinho que levaremos para sempre no nosso cuore!

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  11. Este comentário foi removido pelo autor.

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  12. Olá Adriana, eu estou lendo ele agora e pintou uma curiosidade: como é a geringonça que a mocinha faz para fazer que o transporte de coisas fique mais fácil? Se parece com o quê, você tem alguma ideia? Se sim me ilumine please, porque eu não consigo imaginar😁 Bjs

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    1. Grasiely... Eu imaginei algo como os coletores de arroz usam pra transportar. Tipo um cabo de vassoura de ombro a ombro, com duas redes penduradas em cada lado. Espero que tenha ajudado. Desculpe a demora em responder

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