Desde pequena Fera vive pulando de lar em lar de uma
instituição a outra, nunca teve um lugar para chamar de seu ou conheceu o
carinho de uma família, nunca soube o que é o sabor de um abraço, sentiu
um afago gostoso ou recebeu um beijo amoroso.
Aos 14 anos ela é jogada
nos braços da rua, ficando a sua conta e risco o encargo de correr atrás da
própria sobrevivência, ela é obrigada a tomar conta da própria vida.
Por não ter a quem
recorrer, o que buscar ou onde se alojar, desde cedo ela corre atrás do
dinheiro porque sabe que é a única coisa segura e garantida que poderá lhe dar
comodidade além de um futuro decente e digno.
Aos 42 anos Fera prosperou além do que sonhou com o
emprego dos sonhos, se considera uma pessoa bem sucedida apesar de nunca ter
conhecido o verdadeiro amor seja ele Fraterno, Amoroso ou de Família.
A sua razão de viver
passou a ser guardar dinheiro para poder comprar propriedades e ter um carrão
de verdade. Tanto sucesso em sua conta bancária não conseguiu camuflar sua
vida estéril, miserável e tão cheia de lástimas devido à falta de amor e de
carinho, ela não conseguiu atingir a paz interior que só conseguimos quando
amamos e somo querido.
Ela nunca chegou nem
perto de sentir esse sentimento tão sublime chamado amor nem mesmo o de um
bichinho, pois nas instituições onde foi criada isso era um sacrilégio e um
desperdício, por isso ela nunca... nunca sentiu um carinho no rosto, um
beijinho de despedida ou um abraço fraternal de dois grandes amigos.
A esterilidade do seu
coração, a inanição dos seus sentimentos, o abismo sentimental, a treva
emocional e nenhum carinho ocasional fizeram com que Fera se tornasse uma mulher fechada,
calada, introspectiva, circunspeta, incompreendida, insensível, amoral e sem
nenhum sorriso no rosto.
Profissionalmente ela é
um arraso, pois é de uma precisão germânica, uma pontualidade britânica e uma
sagacidade americana, porém sem a descontração e a irreverência do povo
brasileiro que se estropia mais nunca perde a alegria.
Fisicamente ela não é
nem de longe um arraso de mulher, bem de perto acho que ela tem todos os
defeitos e problemas femininos sem solução, o que faz dela um portadora em
potencial de um desastre estéril e emocional.
Ela é baixa, atarracada,
cara amassada, perfil aniquilado, pele vincada, coxas roliças e olhar sovina,
não que Fera seja uma má pessoa mais ao olhar para
ela logo se nota a nuvenzinha negra cheia de urubus que rondam e sobrevoam suas
idéias e sua cabeça bem branquinha igual ao de uma vovozinha, apesar dela ter
apenas 42 anos mal vividos emocionalmente.
Ela é tão Fera de desengonçada que nem o Esquadrão da
Moda conseguiria dar um jeito, seria necessário uma transfusão de charme e
uma lipo profunda no seu DNA além de um transplante de simpatia para
contrabalançar esse corpo disforme e flácido, sob rígido controle militar além
de muito esquisito.
Fera nunca sentiu uma fagulha de sentimentos ou teve seu
útero contraido em um ziriguindum por alguém para se considerar um
ser humano normal, por ser tão fechada e nunca beijada, foi impossível deixar
alguém chegar perto ao ponto dela ser amada e Phodida.
Um dia ao vislumbrar o
ajudante de pedreiro, que trabalha na obra da casa ao lado, ela tem a sua
primeira contração uterina e ovula ensandecida ao dar-se conta de todo o
babado e da beleza perfeita de Belo.
—Logo no início a beleza
e a fragilidade de Tim a deixaram desarmada. Fera fica tão encantada com seu Belo perfil fenomenal e escultural que se
pega sonhando e buscando na memória com quem ele se parece... Seria alguém da
Revista, da tv ou do jornal?
Chega à conclusão que a
única imagem que chega aos pés desse ser tão Belo são as estátuas etéreas de Michelangelo
e mesmo assim deixam algo a dever!
Ela admira a perfeição
de seu corpo e simetria de seu rosto Belo,
mas ao ter o primeiro tête-a tête com esse ser etéreo descobre que ele é um Belo de um Forrest Gump de 25 anos. Esse
encontro tem tudo para dar errado...
Ele é Belo... Ela é Fera!
Ele o Príncipe... Ela o
Sapo!
Ele é emoção... Ela é
razão!
Ele é inocência... Ela
ravia contida!
Ele operário... Ela
executiva!
Ele um Adonis...
Ela a Bruxa da Bela Adormecida!
Ele corpo de Apolo...
Ela redonda feito coxinha!
Ele é cercado de amor...
Ela uma ilha sofrida!
Ele não amarra os
sapatos... Ela faz tudo sozinha!
Ele não é bom das
idéias... Ela tem idéias supimpas!
Ele depende de tudo...
Ela nem depende da vida!
Ele mentalidade de
cinco... Ela de uma velha ranzinza!
Ele tem amor pra dar...
Ela amargura reprimida!
Ele ama como um cão...
Ela nunca amou na vida!
Ele deficiente de
raciocínio... Ela lesada dos sentidos!
Ele sentimentos superdotado...
Ela nunca sentiu nada na vida!
Tudo leva a crer que
será um desencontro de destinos, pois são literalmente os opostos inclusive
numa época cheia de preconceitos por ela ser tão velha e ele um Belo de um garotão inocente e lindo de
morrer.
—Mary encontrou-se
cercada pelos travessões de vinte e nove anos de solidão. Era como se ele
precisasse dela realmente, como se pudesse ver nela alguma coisa que nem mesmo
ela conseguia enxergar e para a qual estivesse totalmente cega.
Mas a amizade, o
companheirismo, o amor, o entendimento, o respeito, a admiração e tantos outros
nobres sentimentos fazem desse acaso do destino um encontro de almas e a mais
linda story de amor que eu já li na minha vida!
—Até o momento em que
conhecera Tim, jamais alguém tinha demonstrado preferi-la a qualquer outra
pessoa. O que teria ele descoberto de tão fascinante na sua personalidade
reservada e seca? (...) principalmente para alguém tão ignorante a respeito de
emoções.
Aos poucos sem querer e sem
saber, Bello foi quebrando uma a uma todas as
barreiras que Fera ergueu pra se proteger ao longo de sua
vida, até que elas acabam pulverizadas como se nunca tivessem existido!
—Mas por que Deus se
importaria com isso? Oh, Mary, nunca me senti assim antes! Foi o momento em que
mais me senti perto de ser um homem normal! Por que Deus iria se importar? Não
é justo que Deus se importa, realmente não é justo!
Esse romance para mim
representa o amor do século XXI com um Romeu e uma Julieta repaginados, onde
as barreiras da diferença de idade, o desnível social, as nuances das cores de
pele e o abismo cultural foram superados ou estão a caminho de serem
superados.
—Mary se você morresse
eu também teria vontade de morrer, não iria gostar de continuar andando,
falando, rindo e chorando. Gostaria de ficar ao seu lado, debaixo da terra.
O que dizer de uma
declaração de amor tão singela e sincera? O único preconceito que ainda
persiste e perdura é entre duas pessoas com níveis intelectuais diferentes
ou que tenham entre si um abismo mental muito grande ou que ambos sejam do
mesmo nível cognitivo. Para a "maioria" eles não podem amar ou
serem felizes...
—Nenhum de nós nasce sem
alguma coisa maravilhosa e alguma coisa indesejável dentro de nós. Reconheço
que o corpo e as feições de Tim são magníficos, porém não lhe parece que uma
grande parte desta beleza totalmente surpreendente vem da alma?
Deixando-se levar pelo
preconceito ela ainda reluta em aceitar esse verdadeiro amor, até que a coloque
no seu devido lugar... — Se
você não é a companheira adequada ao Tim, ele também não é o companheiro ideal
para você! Tem que parar de pensar em si mesma como uma mulher velha, feia e
amarga, ainda que isso representasse a expressão da verdade. Desafio qualquer
um a explicar o que uma pessoa vê na outra e, no seu caso, não devia nem
imaginar uma questão deste tipo. Pense o que pensar sobre si mesma, Tim julga-a
totalmente diferente e muito mais desejável. Declarou-me não saber o que ele
viu em você, fosse lá o que fosse não conseguia entender. Sinta-se agradecida
que assim seja!
Esse amor para mim é o
Shangri-lá dos amores impossíveis... —
Pensa que ele mudará, que acabará se cansando de você? Aja como adulta! Tim não
é um homem maravilhoso e sofisticado do mundo, é uma criatura infeliz e tola,
tão simples e devotado quanto um cachorro!
A utopia de que todos
tem direito a amar e ser amado... Neste
momento não há lugar para eufemismos ou ilusões (...) Não me interessa os
motivos que levaram Tim a dedicar-lhe a sua afeição. Ele a ama, apenas isso.
Ama-a! Por mais inverossímil, inviável, inexplicável que possa ser (...) o que
é que há com você que é capaz de pensar em jogar fora esse amor?
O amor perfeito... Por algum motivo, de todas as
pessoas que teve oportunidade de conhecer, foi a você que dedicou a sua afeição
e sempre a dedicará. Ele não se entediará ou se cansará de você, não irá
preteri-la, daqui a dez anos, por uma mulher mais jovem, não está atrás do seu
dinheiro nem seu pai também. Neste momento, você é uma pessoa solitária,
portanto nada tem a perder, não? Além do mais, ele tem beleza bastante para
todos dois.
Porém não é considerado
a um deficiênte mental que ele tenha direito a um amor que o acalente e o
suprima... Como sabe, esta
situação não é normal; não estamos lidando com duas pessoas adultas mental e
fisicamente mas sim com uma disparidade de idade o que deixa algumas dúvidas a
respeito dos laços emocionais que as unem (...) vocês são um casal diferente
sob qualquer aspecto e creio que possa aceitar essa singularidade.
Como rejeitar e dizer
não a um amor assim... Nada os
mantém unidos a não ser o amor que sentem um pelo outro, não é verdade? Existe
a diferença de idade, de beleza, de inteligência, de saúde, de status, de
origem, de temperamento — poderia continuar indefinidamente, não poderia? Os
laços emocionais entre você e Tim são verdadeiros, tão verdadeiros a ponto de
terem ultrapassado todas essas diferenças inatas. Creio que ninguém neste
mundo, inclusive você, poderá dizer qual a razão do porque vocês terem sido
feitos um para o outro. E na verdade o são.
Se alguém tem alguma
dúvida quanto a esse direito, creio que não temos como refutar esse
argumento... — Por que razão
deveria Tim passar toda a vida privado da oportunidade de satisfazer uma das
necessidades mais impetuosas que conhece seu corpo e espírito? Por que lhe
deveria ser negada a virilidade? Por que deveria ser protegido e escondido do
próprio corpo? Oh, Mary, ele ja possui tantas deficiências! Tantas! Por que
devemos despojá-lo ainda mais? Não é ele um homem.
Colleen Magnificamente McCullough escreveu esse primor no início da
década de 70 e no final da mesma década ele foi adaptado para o cinema, diante
de tanta beleza descrita vejam quem foi escolhido para representar o nosso Belo Tim, apesar de ser ainda um jovem e
desconhecido ator...
Acho o Mel Gibson um arraso de Men e um Bello de um Mano e definitivamente é o sonho de consumo de todas nós, mas sinceramente ele não é a identidade que a Adriana deu ao Bello Tim, caso me coubesse dar um “rosto” a esse Deus di Papel, definitivamente sem tirar nem por, essa seria a "Cara" que a Boattini daria ao Bello Tim...
Desde o primeiro
momento, desde a primeira linha foi assim que eu imaginei que ele seria,
ninguém mais ninguém menos do que o maravilhoso, perfeito e Bello Robert Redford!
A Adriana leu esse livrinho ainda jovem e já
tinha se debulhado em lágrimas, mas graças à indicação da Roberta que me fez recordar e ter um Flashback
dessa linda story além de me dar esse Lelis de presente, a Boattini teve a oportunidade de reler esse
primor de livro!
Adriana chorou copiosamente até ficar com o nariz entupido, com esse amor
impossível tão cheio de preconceitos, incompreendido e que tem tudo para
dar errado. Esse definitivamente é o amor mais bonito, verdadeiro e
"especial" que a Boattini já teve a oportunidade de ler ou já
viu nessa sua Lazarenta vida!
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