Imagine
se você tivesse uma vida perfeita e única acima de qualquer sonho seja ele di
Papel ou di Verdade com uma mulher compreensiva, amorosa e extremamente
carinhosa, dois filhos que fossem a alegria e a luz da sua existência, ou seja,
você vive em um verdadeiro conto de fadas. Essa é a vida extremamente feliz e
realizada de Alquebrado, ele está tão feliz e realizado que vive num eterno
mundo encantado cheio de sonhos reais onde vê realizados seus desejos mais
insanos e tresloucados que completam a sua felicidade.
Envolto
nesse mar de felicidade, de repente não mais que de repente, num momento insano
e sem sentido vê seus sonhos quebrados e sua vida pisoteada como uma frágil
folha de papel picada, pois toda a sua felicidade foi rasgada e jogada ao
vento. Como numa montanha russa de sentimentos ensandecidos e desesperados, ele
sai de uma extrema felicidade caindo direto e de cabeça no fundo do poço de um
mar sofrido de um dolorido desespero, nunca antes imaginado.
Ele
se encontra tão perdido e Alquebrado que por mais que tente não consegue, nem
mesmo com a ajuda dos parentes, submergir desse lamaçal de desespero e
desenfreada tristeza. O lodo da desilusão e do desassossego está tão
embrenhando em sua alma que ele não consegue enxergar como, a partir de agora,
conseguirá se manter são em meio a tanto e imerecido sofrimento.
Sem
rumo... Sem prumo... Sem esperanças... Sem futuro... Sem Vida... Totalmente
Alquebrado em corpo e principalmente em alma. Ele tenta respirar e se
apegar no fio emocional que ainda tem, para tentar sair desse lamaçal desolado
e desenfreado em que está afundando sua vida.
Tudo
lembra sua família e a felicidade perdida, as lembranças de todos os momentos
felizes veem a tona quando ele sente um raio de sol tocar sua pele, ouve o
canto de um pássaro ou simplesmente ao recordar as dolorosas
recordações. A todo momento ele é atormentado pelas lembranças de tudo o
que perdeu e do que poderia ter vivido.
Mesmo
quando respira, a dor não se abranda e atormenta o seu coração. O próprio ecoar
dos seus pensamentos o deixa Alquebrado, mutilando de vez a sua já tão
sofrida alma. Não consegue sobreviver ou aceitar essa perda, por isso não
consegue dar continuidade seguindo sua vida.
Sem
rumo parte para uma vida sem prumo sem destino e sem esperança, tendo como
único objetivo o esquecimento de todo esse sofrimento, por isso, Alquebrado
começa a caminhar e a divagar tendo a incerteza como única companheira.
No
desespero cego pela enxurrada de sentimentos desoladores, a única saída que
encontra para se esconder da dor e fugir da tristeza profunda que há dentro de
si e que habita o mais fundo dos recôncavos de sua alma é o esquecimento, pois
tudo ao seu redor não o deixa esquecer de sua inestimável perda. Em meio a
tanta dor e sofrimento, sem olhar para trás tenta fugir do seu passado na
esperança de construir novas esperanças no alheamento e no vácuo do
esquecimento... Ele se torna um morador de rua.
Dois
anos se passam e Alquebrado continua nessa situação sub-humana como mendigo,
onde o destino e a felicidade serão encontrados na próxima garrafa de whisky
que lhe proporcionará cair nos braços do sagrado laço do esquecimento.
Ele
está tão carcomido pela dor, que na maioria do tempo encontra-se embriagado com
medo de ser assombrado pelas lembranças felizes e dos momentos de alegria. Mal
consegue lembrar das feições de seus entes queridos tal o desespero. Para fugir
desses destruidores sentimentos, atualmente sua companheira mais querida e
inseparável é a bebida.
Alquebrado encontra-se
no vagão de cargas de um trem como passageiro clandestino. É nesse mar de
comiseração que ele encontra Massacrada que também tenta embarcar como
passageira clandestina na fuga de um destino muito, muito pior.
Ele
que há dois anos não se preocupa com mais ninguém nem mesmo com si mesmo, de
repente se vê Alquebrado e obrigado pela honra e pela dignidade
a defender essa delicada e indefessa mocinha que é uma pessoa tão Massacrada que
ainda carrega em seus braços Esperança, um bebê tão pequenino e faminto.
Dá-se
inicio a uma das histórinhas mais bonitas e singelas que a Adriana já leu.
Todos foram marcados por uma tristeza Alquebrada tão intensa e profunda, que
faz com que a vida Massacrada pareça estéril não havendo lugar nem mesmo para a
esperança quiçá felicidade na vida da Boattini.
É
de cortar o coração quando Massacrada sem ter como alimentar Esperança, devido
ao choque e aos inúmeros hematomas que cobrem e enfeitam o seu corpo tão
sofrido, diz para Alquebrado...
— O meu bebé tem
fome, Senhor Kendrick. Farei qualquer coisa que seja para alimentá-lo...
Qualquer coisa!
A
Adriana ao se deparar diante de tanto sofrimento onde a única importância é
conseguir o alimento que saciará a fome de seu filho, nem que para isso tenha
que fazer um escambo negociando o próprio corpo como moeda corrente, fez a
Boattini ficar com o coração quebrado e os olhos marejados de lágrimas.
Diante
de tanta abnegação, desespero e infelicidade, ele inesperadamente se vê pego
pelos laços da vida e pela ternura que o faz tomar consciência do profundo
buraco em que se encontra, apesar de sua situação sem sonhos ele abre espaço em
seu coração Alquebrado e em sua alma tão despedaçada para ajudar esse outro ser
cuja alma está tão ou mais Massacrada.
Em
meio a tanta desesperança, ela percebe que detrás daquele maltrapilho sujo e
andrajoso, há um Men muito especial e carinhoso que mesmo bêbado chafurdando na
sujeira e na lama, é tão cheio de princípios e de honra inacreditável até mesmo
para um hominho di Papel.
Ele,
que até o momento se considera relativamente limpo ainda com um pouco de
dignidade, toma ciência e percebe sua situação imunda e moribunda quando vê num
vislumbre seu pulso com uma cor mais clara por ter pingado leite ao verificar a
sua temperatura.
De
repente ele acorda e vê no que sua vida se transformou, em nome de um
sentimento que começa a nascer dentro do seu então inóspito coração, ele decide
resgatar sua antiga vida ao tentar aceitar o milagre que lhe parece cair nas
mãos. Só então percebe e se dá conta do buraco sem fim e sem esperanças em que
se encontrava.
Ela
que sempre teve uma vida desprotegida e Massacrada, não acredita que possa
existir um hominho como ele que queira apenas ajudar e que não queira nada,
nada em troca. Sua alma foi tão Alquebrada ao longo dos anos que ela não
consegue conceber a hipótese de que alguém como ele possa existir.
O
sentimento de desolação acompanhou a Adriana do início ao fim dessa estorinha.
De um lado a tragédia é anunciada pelo destino onde não se pode fazer nada além
de ser massacrado e atropelado por uma carreta desgovernada de trágicos e terríveis
acontecimentos. Do outro está alguém, vulgo ser tão sem sentimentos que jamais
deveria ser chamado e colocado na categoria de humano, pois nele não há
humanidade muito menos dignidade.
Ela
tem verdadeiro pavor de um contato mais íntimo por ter sido durante toda a sua
vida tão Massacrada. Mesmo diante de tanto carinho e ternura demonstrada por
ele ao tentar convencê-la que nem todos homens são tão Lazarentos. Ele fala que
o amor pode transformar o sexo em algo dimensional e extraordinário quando feita
com amor e com quem você ama. Querendo fervorosamente acreditar nisso, apesar
de sua alma totalmente Alquebrada, ela diz...
— Então, por favor,
me mostre como é essa sensação e esse sentimento bonito de fazer amor, para que
eu possa mudar e alterar as lembranças tão terríveis e sofridas que eu tenho!
Já
não tendo mais lágrimas para derramar, não sei mais como controlar as comportas
emocionais abertas pela emoção dessa estorinha, pois nem sei como reagir diante
disso. Ela achando que tinha achado um sapo no meio do lodo imundo do caminho,
é surpreendida ao ter a certeza de ter encontrado no lixo um belo, inesquecível
e maravilhoso príncipe encantado!
A
cidade de São Paulo é cheia de moradores de rua, a Adriana sempre se perguntou
o que movia uma pessoa a largar tudo, inclusive suas referências e partir para
uma vida tão ingrata e sofrida. Esse hominho di Papel fez a Boattini pelo menos
tentar entender a profundeza dessa tristeza, em que tudo perde o valor em nome
de um buraco profundo na alma, por não saber lidar com as vicissitudes que a
vida as vezes nos atropela.
Esse
livro conta a trajetória de duas pessoas que de maneiras diferentes perderam
tudo inclusive a esperança na vida e nos homens, onde nada mais tem importância
nem mesmo a sobrevivência, a sanidade física ou o equilíbrio mental e que,
mesmo Alquebrado e Massacrada, ao se encontrarem eles encontram a felicidade ao
se depararem no fundo do poço!
Esse
livro me foi indicado pela Carla, confesso que ela tem toda a razão ao afirmar
que essa autora escreve tão lindamente quanto a Sandra Idolatrada Salve Salve
Canfield, pois se não me fosse anunciado a autora dessa estorinha apostaria até
o último vintém que essa era mais uma maravilhosa obra da minha Idolatrada.
Em
vários momentos a Adriana se viu em lágrimas, perdida em meio a sentimentos tão
sem esperança onde mais nada importava diante de tanta infelicidade, mostrou
ainda que uma vez perdida a paz de espírito, de repente você não a encontrará
no mesmo lugar em que a perder, mas em um lugar totalmente novo, inesperado e
inusitado.
Tenho
que confessar que esse hominho di papel é extraordinário, pois o carinho, a
abnegação, o altruísmo, o amor incondicional o tornam único e inesquecível.
Apesar de tanto sofrimento seguida por tanta desesperança, no final da estória
a Boattini acabou com um sentimento pungente de esperança na espera de que...
"No fim tudo dá certo, se não deu certo
é porque ainda não chegou ao fim!"
O livro estava em português de Portugal, no inicio a
Adriana prestava mais atenção nas diferenças de estrutura das frases e nas
diferentes palavras, mas com o passar do tempo acabou se adaptando e não se
incomodando mais. Isso me fez lembrar de todas as nossas amigas não brasileiras
porém oriundas de uma colonização portuguesa, como a Carla, que leem os
livrinhos feitos por nós brasileiros e de todas as dificuldades que devem ter
para se adaptar e acompanhar esses "regionalismos", inclusive no
jeito ensandecido de escrever da Boattini.
Adriana,
ResponderExcluireste foi um dos livros mais LINDOS que já li. Confesso que muitas vezes tive que me segurar, para não soluçar de tristeza. A história é linda, como um ser humano tão destroçado(dois no caso) podem se reconhecer e juntos se reconstruirem em pessoas maravilhosas. Este livro nos deixa com uma linda sensação ao terminar! Hiper recomendo!!
sua resenha, como sempre, impecável.
bjs Cris Veiga
Amei, Adriana! Amei, amei. Vc descreveu lindamente essa história!
ResponderExcluirQuanto ao português do Brasil felizmente os portugueses são uns afortunados nesse sentido pois convivemos com ele desde sempre. Em Portugal consumimos muitos produtos brasileiros, sobretudo novelas, então eu me afeiçoei a esse sotaque "açucarado" e tenho tanto carinho por ele como o meu português de Portugal!
Com o hábito vc acaba esquecendo que está lendo português de Portugal, mas se tiver qualquer dúvida em futuras leituras, eu esclareço com prazer.
Quando puder, avance sem medos para Amor à Primeira Vista. O mocinho é irmão do Rafe e juro que vc vai ter dificuldades em escolher qual deles é o mais maravilhoso.
beijão!
Carla
Cris Veiga...
ResponderExcluirConfesso que no início, o sentimento de desolação me abateu devido a tanta tristeza que acompanha de maneira tão diferente a ambos nessa historinha. No final restou um sentimento de esperança em acreditar que tudo pode melhorar e que sempre há um sapato velho para um pé cansado, não importa se ele está torto, machucado ou quebrado!
Carla...
ResponderExcluirMuito obrigada por me apresentar essa autora cover di Idolatrada! Fico mais feliz ainda ao saber que "Amor a primeira vista" é a estoria de Ryan, irmão de Rafe. Só não vou começar a ler imediatamente pois ainda tenho que me refazer e recompor as minhas lágrimas!
Mermã,
ResponderExcluirAdorei a resenha. Vejo que esse livrinho tocou profundamente seu coração.É muito fofo mesmo.
Dessa vez as sacolinhas foram esquecidas..hehehe.
bjs.
Marilda.
Marilda...
ResponderExcluirEsse livrinho fala de sonhos quebrados e mutilados e de como é difícil recomeçar quando tudo a sua volta parece ruir e desmoronar!
Desta vez as sacolinhas foram esquecidas, mas em compensação a despesa com os lenços de papel será gigantesca!
Gostei!
ResponderExcluirJá está na minha lista de leitura.
Valeu pela dica e a resenha está ótima como sempre!
Abraço
Lu... Passe ele na frente porque é uma belezura. Só não esqueça de ter a mão um lençol para secar todas as lágrimas derramadas!
ResponderExcluirOi, Adriboa
ResponderExcluirsempre passo pelo seu blog, adoro suas resenhas,
tenho uma sugestão estilo lágrimas para vc: Um dia, David Nicholls. Vou logo falando que o final não é agradável, e seria um ótimo manual para dar ao homi de verdade, sobre o que não deve se fazer em um relacionamento.
Bjs,
Ótimo final de semana,
Flor.
dá erro aqui boattini! vô tentar achar aqui...qualquer coisa, te denuncio ao procon kkkkkkkkk sério agora,vo tentar achar e qualquer coisa,posto o link
ResponderExcluirPode ficar sossegada, porque após o grito desesperado da mina, já arrumei o link!
ExcluirComo sempre, resenha espetacular! Vou ler! Bjus! Ana Bentes!
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